Dióxido de carbono: matéria-prima para a produção do metanol

O processo funciona com a injeção do ar ambiente através do borbulhamento em solução aquosa de pentaetilenohexamina (PEHA)

Publicado em 06 de setembro de 2016

Foto: MorgueFile

Lidiane Faria Santos: Química, Mestre em Engenharia Química, Doutora em Agroquímica. Professora dos cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia Química da Univiçosa

A Universidade do Sul da Califórnia foi pioneira na realização do processo de combustão inversa, que transforma o dióxido de carbono da atmosfera em metanol. O método é chamado de combustão inversa porque faz o processo contrário do que ocorre naturalmente, quando a queima do metanol libera CO2.

Essa conversão não é novidade para a química e é observada por muitas empresas na tentativa de transformar o que seria poluição em combustível, no intuito de solucionar dois problemas: a diminuição do gasto de petróleo e a poluição do meio ambiente. O que se busca, no entanto, é que esse processo tenha potencial para uso industrial.

O processo funciona com a injeção do ar ambiente através do borbulhamento em solução aquosa de pentaetilenohexamina (PEHA), com um catalisador que faz com que o hidrogênio se ligue ao CO2 sob pressão. Ao aquecer a solução ocorre a conversão de CO2 em metanol na ordem de 79%. Após isso, basta destilar para que o metanol possa ser utilizado como combustível.

O que ainda impede o processo de ser colocado em prática é a viabilidade econômica. O catalisador para essa reação é o Ródio, um metal muito caro, que torna o custo maior que a quantidade de metanol recuperado. Alguns estudos utilizando catalisadores à base de Cu (Cobre) e Zn (Zinco) apresentaram alta seletividade na formação de metanol, sendo então uma alternativa mais interessante.

Outro fator é que o processo ocorre em temperaturas altas e seria dispendioso o gasto com energia para manter o ambiente ideal no processo. Além disso, a pouca concentração de CO2 no ar, em se tratando de escala industrial, faz com que a quantidade produzida de metanol seja baixa.

Por fim, são muitas as variáveis a serem levadas em consideração e otimizadas para que o processo possa ser utilizado em escalas maiores. Com o crescente avanço tecnológico, em breve teremos o desenvolvimento de processos de combustão inversa altamente econômicos e eficientes, que seja viável do ponto de vista do custo/benefício.

Enquanto isso deve-se tentar outras formas de economizar os combustíveis à base de petróleo, trocando-os por fontes renováveis e assim protegendo o meio ambiente.