Materiais que se autorreparam

Desenvolvimento desse material pode ter aplicação em diversas áreas, tais como: cosmética, medicina, aeroespacial e automotiva.

Publicado em 13 de maio de 2016

Indústria automotiva será beneficiada

Raquel Moreira Maduro de Carvalho: Química, Mestre e Doutora em Engenharia Química. Professora dos cursos de Engenharia Química e Engenharia Ambiental da Univiçosa

Pesquisadores da Universidade de Alicante, na Espanha, desenvolveram um material polimérico flexível (resina) que possui a capacidade de se autorreparar. Ao ser cortado e aproximado novamente o material pode se reparar em aproximadamente 15 segundos, sem qualquer estímulo externo. Essa particularidade se deve à memória de forma. Ou seja, após um determinado período de tempo depois de ter sido deformada, a resina retorna ao seu estado original. Outra característica de extrema importância desse polímero é sua capacidade elastomérica, ou seja, ser capaz de esticar milhões de vezes sem se quebrar.

O professor José Miguel Martín, da Universidade de Alicante, relatou que o material atua mediante um processo físico e não químico. Ademais, o processo pode se repetir indefinidamente sem que sua eficácia autorreparadora seja afetada.

Segundo os pesquisadores, o desenvolvimento desse material pode ter aplicação em diversas áreas, tais como: cosmética, medicina, aeroespacial e automotiva.

O Instituto Leibniz para Pesquisa em Polímeros (Leibniz-Institut für Polymerforschung), na Alemanha, expandiu o estudo para verificar a sua viabilidade no processo de vulcanização de borrachas para pneus. O objetivo da pesquisa foi produzir uma borracha que se autorrepare ao corte, desenvolvendo uma grande resistência mecânica.

Cientistas da Universidade do Mississipi do Sul, nos Estados Unidos, também desenvolveram um material que se autorrepara em meia hora, quando expostos a uma luz ultravioleta fluorescente de 120 W. Como a densidade dessa luz é semelhante à da luz solar, acredita-se que a mesma reação pode ocorrer quando o material estiver exposto ao Sol. Esse novo material é constituído por três compostos químicos, que têm como objetivo reparar os riscos de superfícies de carros, celulares e ecrãs, por exemplo.

Embora os estudos continuem, as descobertas até o momento alcançadas indicam um elevado grau de aplicabilidade na indústria e demais áreas comerciais.

Mais uma vez vemos a importância da pesquisa em nanomateriais. A cada dia esse campo de pesquisa vem se mostrando promissor no desenvolvimento de novos materiais capazes de mudar para melhorar a sociedade em que vivemos.