Potencial do colesterol na prevenção de demência e Alzheimer

Pesquisadores do Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa, de Madri, demonstraram, em ratos, que moléculas de colesterol são fundamentais para manutenção da memoria em bom estado

Publicado em 18 de outubro de 2016

Foto: MorgueFile

Renata Diniz: Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Professora do curso de Farmácia da Univiçosa

 

A perda de memória é uma consequência frequente do envelhecimento. A doença de Alzheimer é a forma mais difícil de demência e se caracteriza por perda de neurônios. Estudos recentes desenvolvidos em Madri, no Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa, demonstraram que a molécula de colesterol pode ser um aliado na prevenção da perda de memória.

A lipoproteína LDL, conhecida como colesterol ruim, quando em excesso, pode provocar infarto e outras doenças cardiovasculares. O cérebro, por sua vez, necessita do colesterol para manutenção saudável dos neurônios. Para fixação de lembranças, é necessário colesterol na parte externa das membranas neuronais. A tendência é que o teor de colesterol no encéfalo diminua com a idade.

Os pesquisadores espanhóis demonstraram que, quando se impede a perda de colesterol em ratos mais velhos, com taxas de colesterol baixas no hipocampo, a memoria desses animais melhora significativamente. Essa descoberta necessita de mais estudos clínicos, inclusive em humanos, mas surge como mais um campo para tratamentos de demência e Alzheimer.

Atualmente, os fármacos frequentemente utilizados para diminuir o colesterol ruim são as estatinas. A agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos alertou sobre a possibilidade de estatinas estarem relacionadas à perda de memória e capacidade cognitiva. A demonstração de que a falta de colesterol está relacionada à demência pode levar ao questionamento da influência das estatinas na perda de memória, uma vez que essas substâncias são capazes de chegarem ao cérebro.