Uma conversa sobre Política

Este é um espaço reservado para @s participantes do Geas - Grupo de Estudos em Assuntos Sociais - abordarem mensalmente um tema discutido pelo grupo, algo que seja relevante e que propicie uma reflexão da comunidade acadêmica e da população geral sobre temas que envolvam o sujeito e o meio social. Assim, a ideia desta coluna é que @s própri@s estudantes se mobilizem a produzir uma reflexão pertinente e socialmente importante.

Publicado em 05 de novembro de 2018

Autoria de Rodrigo de Freitas Santana (estudante de Psicologia) e supervisão de Emanuelle das Dores Figueiredo Socorro (professora do curso de Psicologia).

Possivelmente nada foi tão debatido quanto a política está sendo discutida nos diversos meios no atual momento. A palavra política possui suas raízes no grego antigo, essa diz respeito a tudo que interessa a polis, que se pode definir como “cidade”.  Ora, o que era do interesse da polis grega referia indiretamente ou diretamente aos interesses dos próprios cidadãos. Assim, podemos direcionar nossa conversa sobre o assunto. É necessário compreendermos que falar sobre política é falar sobre coletividade, sobretudo, a implicância dessa em nossa existência coletiva, o que consequentemente reflete em nossa existência individual.

A política em si não diz respeito apenas sobre políticos, candidatos e eleições, essas são somente algumas consequências de toda a complexidade do processo político. A partir de uma perspectiva profícua podemos observar que muitos de nossos atos podem ser analisados como atos políticos. E aqui leitor, antes de dar continuidade ao texto e refletindo sobre o apresentado até agora, procure pensar em exemplos de suas próprias atitudes cotidianas que podem ser consideradas segundo um viés político. Não é tão fácil, não é mesmo? Será que uma das razões para essa dificuldade não está no fato de não sermos ensinados a pensar politicamente?

Perceba, quando aspiramos certas realizações, mesmo que individuais, como um bom emprego e estabilidade financeira, é a partir de um processo político que se darão as condições para tal. Se o resultado desse processo implica em carência de oportunidades, é notório que estaremos sendo prejudicados por ele, e esse é um dos milhares de exemplos que podem ser citados que demonstram como atividades do cotidiano podem ser configuradas como atos políticos, ou melhor, que possuem a política atrelada a si.

Podemos ir ainda mais a fundo e discutir temas como preconceito e racismo sob a óptica da Política. O preconceito é um comportamento aprendido socialmente, não é natural nem tão pouco espontâneo da existência humana. Ele possui origem coletiva, e, portanto, política. E aqui, novamente partindo de um pressuposto cuja base se centra na política, pode-se dizer ainda que, infelizmente, ele tem funcionalidade também política. Serve para justificar a exploração e a dominação de determinados grupos por outros grupos, podendo até ser menos violento, mais sutil, mas igualmente funcional.

A partir dessas observações, o que se pretende mostrar é a evidente imersão em um processo político ao qual estamos submetidos, queiramos ou não, que atravessa os mais variados âmbitos da nossa vida, nossas atitudes, ideias, ideologias, crenças, maneiras de ser e agir, até porque, como já podemos concluir, a educação também é uma formação política.

Assim sendo, não há como sermos “apolíticos”. A suposta indiferença ou comodismo para o pensar político é um direito daquele que o exerce que lhe é facultado pelo sistema político em que vive, é em última instância um ato político de caráter conservador, não “apolítico”. Ora, se eu não me oponho às características do sistema em questão, não vejo necessidade de mudanças.

Referências Bibliográficas:

Ribeiro, João Ubaldo. Política; quem manda, porque manda, como manda. 3.ed.rev. por Lucia Hippolito. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. 139p.