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Isabel Cristina Silva: Fisioterapeuta, Especialista em Saúde Pública com Ênfase no Programa Saúde da Família. Professora do curso de Fisioterapia da Univiçosa.
O coração é um órgão muscular que tem a função de bombear o sangue oxigenado, proveniente dos pulmões, para todo o organismo. A insuficiência cardíaca (IC) ocorre quando o órgão se torna incapaz de fazer o bombeamento adequado, deixando de distribuir sangue suficiente para as necessidades do corpo.
No Brasil não existem estudos epidemiológicos, mas o Datasus (Departamento de Informática do SUS – Sistema Único de Saúde) calcula que 2 milhões de pessoas de pessoas sofram da doença sobretudo após os 65 anos de idade. Vale destacar, porém, que o problema pode ocorrer em qualquer idade. Com o envelhecimento e a crescente longevidade dos brasileiros, prevê-se uma “epidemia” sem precedentes, com sérios problemas de saúde pública, já que a doença limita a capacidade funcional do paciente, prejudica sua qualidade de vida e, em muitos casos, leva ao afastamento do trabalho e à aposentadoria precoce. A taxa de mortalidade também é alta, com média de sobrevida de 1,7 ano para homens e de 3,2 anos para mulheres, nos casos avançados, segundo dados da American Heart Association.
Em uma coluna de saúde de uma revista de grande circulação nacional o cardiologista Eduardo Segalla de Mello afirmou que a IC é uma doença crônica de longo prazo, mas que pode surgir de repente, em consequência de fenômenos como o infarto agudo do miocárdio. Um único fator de risco, portanto, é suficiente para causar IC, mas em geral está associada a uma combinação de fatores. No Brasil, a causa mais comum é a doença arterial coronariana (DAC), ou seja, acúmulo de gordura, colesterol e cálcio no interior das artérias coronárias, formando placas que causam estreitamento e redução do fluxo sanguíneo para o coração. Outras causas são: pressão arterial elevada sem controle, doença de Chagas, arritmias, doença das válvulas, doenças cardíacas congênitas e infecção por vírus. Pode resultar ainda da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e da utilização de alguns quimioterápicos para o tratamento de câncer.
Como a função de bombeamento do coração está comprometida, o sangue pode seguir um fluxo retrógrado, isto é, em sentido contrário, para outras áreas do corpo acumulando-se, por exemplo, nos pulmões, fígado, trato gastrointestinal, braços e pernas. Os principais sintomas são: cansaço aos esforços, falta de ar, inchaço nas pernas e aumento de peso.
O diagnóstico é feito a partir da história clínica e do exame físico do paciente, muitas vezes complementado com exames como radiografia de tórax, ecocardiograma e eletrocardiograma.
Constatada a doença, o tratamento é sempre individualizado e muito importante o acompanhamento com o cardiologista. Hoje há remédios que aliviam os sintomas, melhorando a qualidade de vida, e outros que agem para evitar o avanço da doença e o óbito. Além dos sintomas e do controle, o médico irá lidar com eventuais complicações e evolução da doença, já que em alguns casos existe a necessidade de intervenções cirúrgicas e até de transplante do coração.
É possível evitar a IC com algumas mudanças no estilo de vida, medicamentos e cuidados especializados. Seus portadores devem manter o peso sob controle ou em caso de obesidade presente, buscar orientação especializada para perder peso, fazer uso moderado do sal e ingestão de líquidos. O ganho súbito de peso pode significar acúmulo de fluidos, devendo ser informado imediatamente ao médico. Deixar de fumar, limitar o consumo de álcool e eliminar da dieta produtos gordurosos também são orientações para manter uma vida saudável e controlar doenças causadoras desta epidemia brasileira.